sábado, 13 de março de 2010

Quem se importa?

"Falar de desigualdade no mundo é uma discussão exaustiva e clichê. Mas o cenário que tem sido o centro das atenções ultimamente não nos reserva outra escapatória além de um estado de perplexidade e choque que vem nos acordar o sendo de humanidade. Como reagir diante de uma ilha desgraçada que agora desmorona por forças da natureza? Já não bastavam todos os problemas? É hora de dar as mãos, digo, todo mundo. É improvável que alguma ajuda não seja necessária.
Mas pensando num aspecto mais amplo, imagine se você resolve largar a sua vida aqui, por um tempo, para ajudar quem está lá? Ato heróico, realmente! Mas e o que fica? Não merece seu senso de sociedade também?
Desde os tempos de alto tropicalismo, quando as poesias de Caetano Veloso faziam mais efeito sobre aqueles que as ouviam, já se falava em comparação entre as desgraçadas extremas retratadas, na música, no próprio Haiti, que sofria desde já com os conflitos e as contradições caóticas peculiares desta pátria. Parece fácil fechar os olhos para o que já se está habituado, limitando-se a uma inércia conformista, impressionando-se com uma catástrofe repentina. Mas se tentarmos nos importar com o que acontece realmente aqui, veremos que o caos habita qualquer lugar que conte com a desimportância de seus habitantes.
E se Caetano perguntar de novo se o Haiti é aqui, podemos dizer que está bem próximo. Se só falta uma catástrofe generalizada, São Paulo já fala por si só.
O Brasil é aqui."

Rafaella Rambaldi

(Prima, me desculpe, mas gostei tanto do seu texto que não resisti e tive que postar aqui. Espero que não se importe.)

Um comentário:

Rafaella Rambaldi disse...

Primaa, você não presta mesmo! Meu deus, já tava toda sem graça,
aí vem você ainda POSTAR a redação!
Nossa! Muito obrigada, de novo, pela força e enautecimento :D
Beijo grande